O que dizer sobre a interminável saga do derrocamento do Pedral do Lourenço no Rio Tocantins? Parece que a cada novo governo, somos brindados com a mesma promessa vazia de que finalmente, após décadas de discussões infrutíferas, a obra tão necessária começará. Mas, como sempre, essas palavras parecem se perder no vazio político, enquanto o Pedral do Lourenço permanece obstinadamente intocado.
O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) anunciou que as obras de derrocamento estão previstas para iniciar em março de 2024. No entanto, essas datas são como miragens no deserto, sempre à vista, mas inalcançáveis. O problema do Pedral do Lourenço está longe de ser novo, e sua resolução é crucial para a eficiência do transporte fluvial na hidrovia Tocantins-Araguaia.
O que é particularmente frustrante é que, mesmo após décadas de discussões e promessas, a obra ainda se encontra em fase final para obtenção de licença ambiental. A burocracia e os obstáculos ambientais parecem ser apenas uma parte das desculpas repetidas que escutamos ano após ano. Enquanto isso, a economia da região sofre com a ineficiência do transporte, os custos logísticos são elevados, e as oportunidades de desenvolvimento são perdidas.
A falta de progresso em relação ao Pedral do Lourenço também levanta questões sobre a competência do governo e das agências envolvidas. Por que tantos anos são necessários para obter uma licença ambiental? Por que os recursos e a atenção necessários não foram alocados para resolver este problema crônico? É difícil não enxergar a ineficácia e a falta de prioridade nesse cenário.
Além disso, o Pedral do Lourenço é um exemplo emblemático dos problemas estruturais que enfrentamos em nossa infraestrutura. Quando um país não consegue realizar uma obra de importância estratégica como essa, é difícil ter esperanças de que outros projetos igualmente importantes sejam concluídos com sucesso.
Em resumo, a notícia de que o derrocamento do Pedral do Lourenço finalmente começará em março de 2024 é mais uma promessa que nos é feita, mas que temos razões para temer que não se cumprirá. Enquanto isso, as comunidades locais, a economia e a competitividade do país continuam a pagar o preço dessa procrastinação política e da falta de ação concreta. Chegou a hora de transformar as palavras em ações e finalmente resolver esse problema de uma vez por todas.
Raimundo Holanda C. Filho - Empresário, Presidente da FENAVEGA, Vice Presidente da CNT, Membro dos Conselhos do SEST-SENAT, FUMTRAM e ITL.