Cargill e ADM são Acusadas de Frustrar Proibição da Soja de Terras Desmatadas na América do Sul

A Cargill e a ADM, duas das maiores empresas de ração animal do mundo, foram acusadas de minar uma tentativa de proibir o comércio de grãos de soja cultivados em terras ecossistêmicas desmatadas e ameaçadas na América do Sul, de acordo com um novo relatório da organização não governamental Mighty Earth. A produção de soja é essencial para a indústria de alimentos para animais e está em alta demanda globalmente devido ao aumento do consumo de carne e laticínios.

No entanto, a produção de soja também está diretamente ligada ao desmatamento em áreas críticas como a floresta amazônica do Brasil, o Pantanal e o Cerrado. O desmatamento é uma das principais ameaças à biodiversidade e às mudanças climáticas em todo o mundo. Em resposta a preocupações crescentes e à pressão pública, 14 dos principais comerciantes de grãos trabalharam em um acordo para proibir a compra de soja proveniente dessas áreas ameaçadas.

A proibição proposta teria imposto um prazo retroativo de 2020 para a compra de soja, com o objetivo de evitar que grãos colhidos em áreas desmatadas entrassem nos mercados globais. A expectativa era que essa proibição fosse anunciada durante a Conferência Climática da ONU (COP27) no Egito.

No entanto, a Cargill e a ADM, de acordo com o relatório da Mighty Earth, lideraram esforços para enfraquecer a linguagem da proibição na declaração final. Esse movimento enfraqueceu significativamente o acordo proposto, o que levou a críticas de ONGs e de empresas varejistas que consideraram o acordo insuficiente.

A decisão da Cargill e da ADM de não aderir à proibição foi vista como um retrocesso na luta contra o desmatamento ligado à produção de soja na América do Sul. Outras empresas líderes de commodities, como a Amaggi e a Louis Dreyfus Company, comprometeram-se com a iniciativa de proibição de soja, enfatizando sua disposição em eliminar completamente a soja relacionada ao desmatamento e à conversão de ecossistemas.

Além disso, o relatório da Mighty Earth levantou questões sobre a consistência das posições públicas e privadas da Cargill em relação à rastreabilidade de sua cadeia de suprimentos de soja brasileira. Enquanto a empresa afirmava que sua cadeia era 100% rastreável em seu site, um e-mail vazado da Comissão Europeia indicava que a Cargill afirmava ser "basicamente impossível garantir a rastreabilidade" devido à mistura de grãos de diferentes fontes em silos portuários.

Embora a Cargill tenha argumentado que essa declaração se referia principalmente ao suprimento indireto de soja, que representa cerca de um terço do total, a revelação gerou preocupações sobre o compromisso real da empresa com a transparência e a sustentabilidade em sua cadeia de suprimentos.

A questão da produção de soja em terras desmatadas é um dilema global que afeta tanto o meio ambiente quanto a produção de alimentos. O fracasso em implementar a proibição da soja proveniente dessas áreas ameaçadas destaca os desafios enfrentados na busca por práticas agrícolas mais sustentáveis. O papel da Cargill, ADM e outras empresas na resolução desse problema continua a ser um tópico importante de discussão, à medida que a comunidade global busca equilibrar a demanda por alimentos com a necessidade de proteger ecossistemas críticos.

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